terça-feira, 22 de julho de 2008

Entrevista com o técnico de segurança do trabalho e Pastor da ICAP (Igreja Cristã Apostólica) Marcelo Cabral



GSV: _ Em primeiro lugar gostaríamos que o senhor se apresentasse, falando sobre suas atividades profissionais.

Marcelo: _ Meu nome é Marcelo Cabral, eu sou técnico de segurança do trabalho, trabalho na área como coordenador de uma equipe multidisciplinar, composta de técnicos, médicos, engenheiros, psicólogos, assistentes sociais, em uma empresa vinculada ao governo federal.

GSV:_ Qual a relação entre a atividade de técnico de segurança do trabalho, e a questão do uso de drogas no ambiente de trabalho?

Marcelo: _Eu creio que o técnico pode trabalhar, próximo dos profissionais de saúde, dos médicos do trabalho,dos psicólogos. Estabelecendo programas voltados para esse público, para esses trabalhadores que possam, ser dependêntes químicos e que muito preocupam pois acabam levando para seu ambiente de trabalho, essa realidade particular que pode resultar em experiência de acidentes, lesões graves.

GSV:_ Na empresa onde o senhor trabalha existe alguma política de combate e prevenção ao uso de drogas?

Marcelo:_ Sim nós temos um programa para dependêntes químicos que é coordenado pelos médicos da empresa e pelo corpo de psicologia, esse programa, dá assistência a trabalhadores da empresa que possivelmente sejam dependêntes químicos. Eles procuram por iniciativa própria, a empresa divulga esse programa, e aqueles trabalhadores que sentem o desejo procuram a coordenação de segurança do trabalho e lá eles tem esse apoio, que consiste em apoio psicológico médico.

GSV:_ O senhor acredita que drogas lícitas; como tabaco e álcool, possam vir a ser um risco no ambiente de trabalho?

Marcelo:_ Eu acredito que sim, não tanto quanto as ilícitas, mas podem influenciar possíveis riscos para os próprios trabalhadores que fazem uso, por exemplo: uma pessoa que fuma e trabalha com produtos inflamáveis, em descuido, poderia causar um acidente de proporções incalculáveis, por ser um vício, por ser um comportamento repetitivo que muitas vezes é repetido de forma mecânica, que se faz sem pensar no que se está fazendo.

GSV:_ No seu local de trabalho existe alguma campanha de combate ao tabagismo?

Marcelo:_ Sim, temos um programa na empresa chamado; “Apague essa Idéia” onde os trabalhadores são estimulados a entrar nesse programa de forma voluntária e a empresa oferece à eles um medicamento específico que foi selecionado dentre os outros que existem, pelo corpo médico da empresa, então esse medicamento é fornecido ao colaborador gratuitamente, além do acompanhamento psicológico médico e de assistente social. É feito um trabalho em grupo onde eles contam suas experiências, falando de quais tem sido suas maiores dificuldades e o que eles tem enfrentado.

GSV:_ O senhor conhece o programa das nações unidas e da OIT; “Ambiente de trabalho livre de drogas”?

Marcelo:_ Não conheço o programa com profundidade, conheço a temática do programa; os médicos da empresa conhecem com mais profundidade, mas eu conheço o tema e sei da preocupação da organização em fazer com que cada vez menos um número menor de pessoas estejam dependente de drogas de qualquer natureza. Até por que essa questão gera custos altos para os governos mundiais.

GSV:_ O senhor acredita que exames toxicológicos pré admicionais e pois admicionais possam ser um instrumento legítimo para o combate e prevenção do uso de drogas no ambiente de trabalho?

Marcelo:_ Eu acredito que sim, mas não sei que amparo legal teria esse tipo de programa, não sei se há legalidade para que as empresas incluam exames toxicológicos, nos exames admisionais . Não sei se é legal porque a pessoa teria violado o seu direito a privacidade.

GSV: _Como a sua empresa age quando constata um caso de dependência química?

Marcelo: _Sempre é uma questão muito delicada, mas a empresa, como ela possui um programa para dependência química, quando esses casos vêm à tona, essas pessoa são encaminhadas para o programa de dependência química, e são acompanhadas. Uma coisa que é muito gratificante e recompensadora, é que quando há uma predisposição desse colaborador a viver esse programa, se vê as conseqüências disso na própria família, em muitos casos se constata o ambiente familiar reconstituído, o laço familiar refeito, então é muito recompensador.

GSV: _ Alem de técnico de segurança do trabalho, o senhor é pastor de uma Igreja, o senhor acha que a Igreja tem um papel fundamental e decisivo na recuperação de dependentes químicos também?

Marcelo: _Não sei se eu usaria essas palavras , fundamental e decisivo, mas eu creio que seja sim responsabilidade de Igreja, ela não pode de esquivar desse papel e que de alguma forma, apesar dos desafios financeiros, é de sua responsabilidade implantar programas, com gente capacitada para estar à frete desses programas, porque a Igreja tem que parar de amadorismo, de fazer experiências com situações como essa, porque nem sempre os pastoras estão capacitados profissionalmente, embora muitos já estão fazendo ou já fizeram psicologia, então a Igreja tem sim seu papel e uma responsabilidade social nesse sentido. Mas repito isso tem que ser feito por pessoas preparadas para lidar com o dependênte químico e esse programa também tem que abranger a família desse dependênte, porque atrás de um dependênte químico sempre existe uma família com o coração dilacerado.

GSV: _ Em uma das nossas últimas postagens no blog houveram comentários, dizendo que não adianta trazer informação à tona, porque o dependênte químico não estaria interessado no assunto, qual sua opinião a respeito disso.


Marcelo: _Eu acredito que toda informação é relevante, eu acho que só o fato disso estar sendo discutido em um espaço como a internet, onde qualquer pessoa com acesso a rede pode ter acesso a essa informação já torna isso relevante. De fato que acho que o dependênte químico está sob o domínio ou como a própria palavra já diz; ele esta na dependência de uma substancia química, então não seria um simples texto, não seria simplesmente conhecer o assunto que o despertaria para a recuperação, mas saber que esse assunto não é mais tratado, com preconceito, com discriminação, com falta de amor, saber que existe um espaço que trata isso com seriedade, podendo estimulá-lo sim, a querer buscar ajuda.

GSV: _ O senhor gostaria de deixar alguma mensagem para aos internautas?

Marcelo: _Gostaria de falar da validade dessa proposta, creio que toda proposta que objetiva tratar de assuntos que as vezes nós tentamos ocultar, esconder, fazer de conta que não existe, eu creio que pela proposta em si vale a pena acessar, eu parabenizo vocês que tiveram essa iniciativa de criar um espaço como esse e digo que, pode até parecer que uma informação como essa possa não ter validade, mas acredito que não podemos deixar de lançar as estrelas no mar quando a maré baixa... Eu creio que se mais pessoas decidissem entrar em cena ao invés de serem meros espectadoras a realidade poderia ser diferente.

GSV: _O grupo Saber Viver agradece.

Marcelo: _Eu que agradeço a oportunidade.

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