quarta-feira, 16 de julho de 2008

ENTREVISTA COM O ENFERMEIRO BRENO MAGALHÃES BASTOS


GSV: Gostaríamos que o senhor se apresentasse falando das suas atividades profissionais?

Breno: Sou um enfermeiro formado a 5 anos pela Escola de Enfermagem Anna Nery, que atualmente pertence a Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ)
Dentro de todo programa curricular e extra curricular oferecido pela universidade eu tive uma experiência muito significativa dentro de um núcleo específico chamado CEPUAD. Depois que me formei tive algumas experiências na área de saúde mental trabalhando em alguns manicômios, mas eu gosto mesmo é de sala de aula, formando agente de saúde e tecnico de enfermagem. Estou me preparando atualmente para mestrado em filosofia e posteriormente um doutorado .

GSV: Que tipo de trabalho era feito nos locais onde você trabalhou com relação aos dependentes químicos?

Breno: Dentro do CEPUAD(centro de estudos e prevenção ao uso e abuso de drogas) basicamente se fazia era relatórios a respeito do estado clínicos dos jovens, era uma espécie de prestação de contas ao juiz, uma vez que o juiz indicava o jovem ao CEPUAD o CPUAD relatava periódicamente o estado desses jovens ao juiz competente.

GSV: Qual sua opinião a respeito da marcha da maconha?

Breno: Na da filosofia eu vou trabalhar dentro do campo da ética. A ética é meu campo de pesquisa, uma discussão presente dentro da filosofia que vai de Platão até Kant é que uma ação só tem validade a partir do momento que se tenha a capacidade de escolher, se você não tem capacidade de escolha essa ação não é moral, nesse sentido quando me perguntam sobre a marcha da maconha, quando me perguntam sobre a marcha que fazem sobre a eutanásia,sobre o aborto, eu serei sempre favorável, por que acredito na capacidade do homem de escolher,não vejo moralidade quando não se dá a capacidade de escolha. Ética para mim é uma tomada de consciência sobre o que se pode fazer com a vida. Dentro da ética estudo muito os estóicos, mas admiro também o movimento cínico. Alguns historiadores dizem que o cinismo ajudou na estruturação do pensamento Cristão, Cristo seria um jovem judeu cínico, a característica básica do cinismo seria a tentativa de sobrepujar as regras sociais, tentando estipular um novo ethos, um novo código de ética além das convenções socias. Então quando se fala em capacidade de escolha eu acho super positivo esse tipo de marcha que vem tentar quebrar alguns tabus.

GSV: Qual seria o melhor modelo de combate e prevenção, seria o coersitivo ou seja predendo, punindo ou um modelo baseado no diálogo e na informação?

Breno: A pergunta que se faz em filosofia é se o bem para ser o bem ele precisa ser imposto ou pode ser construido um conhecimento em relação a isso? Isso remete a questão da criminalização da droga. Ou seja será que a melhor maneira de combater a droga seria prendendo punindo ou se poderia fazer isso através de uma tomada de consciência fruto de uma discussão sobre o assunto?Quando se cria uma lei um cliché desse tipo apenas se reduz o problema e da para construir uma coisa muito maior por traz que merece ser discutido

GSV: Na última postagem em nosso blog houve alguns comentários em dizendo que não adiantaria públicar matéria conscientisadoras, por que o dependente não estaria nem aí para o debate, qual sua opinião?

Breno: Existe um livro muito bacana de uma autora chamada Júlia Sissa que faz uma abordagem filosófica sobre o uso das drogas e um dos trechos que eu acho muito interessante de Sissa fala sobre o diálogo de Filebo "aquele que goza não sabe que não goza", que gozo é esse que o usuário de drogas possui? Que tipo de prazer poderia compessar o uso? A filosofia e o debate são importantes na medida em que trazem questionamento. Questionando inclusive sobre a qualidade devida. Então trazer matérias sobre o assunto é de fato relevante para o debate.

GSV: O grupo GSV agradece a entrevista!

Breno: Eu é que agradeço!

10 comentários:

Gabriela disse...

O Blog é muito bommmmmmm...
Super bem articulado.
Adorei.

Anônimo disse...

Muito bom!!!
O blog é muito bem articulado.

Anônimo disse...

Adorei o blog!
Muito bem articulado.

Parabéns!

Dih Fernandes disse...

Boa entrevista...
Só recomendo separar o texto por paragrafos...

Abraço

jb disse...

Pessoal!!!

Vocês estão de parabéns. A idéia é muito boa, sem contar na maneira como se desnvolvem os assuntos nesse blog, muito bom nas idéias é simples e objetivo. Valeu mesmo, estarei sempre por aqui para ler as atualidades desse blog. Maia uma vez parabéns e sucesso.

Jesus Abençoe

Anônimo disse...

Bela entrevista!Parabéns,mais uma vez vcs cumpriram sabiamente o papel social de conscientização sobre o uso de drogas.
Ah,deixei ump resente pra vcs no meu blog.Espero que gostem.Abraços!

sacodefilo disse...

Acho muito legal essa iniciativa de vocês... Já tenho lido os seus textos com uma certa freqüência. Só sugiro que dêem uma olhada com mais atenção na revisão do texto... Há umas coisinhas que desmerecem um trabalho tão legal. (digitem o texto no word primeiro com corretor e depois colem aqui)
Abraços

Rosangela Ataide disse...

Boa a entrevista, apesar de ser contra a marcha da maconha que na verdade acho um tipo de apologia as drogas. Se o ser humano soubesse realmente fazer suas escolhas não iríamos precisar de leis e imaginem um mundo sem regras??? E acredito que a legalização da maconha iria incentivar muitos jovens a experimentar a maconha e consequentemente partir para uso de outras substâncias mais perigosas.
Como também a maconha provoca sérias mudanças de humor, concentração e outras coisinhas imagine no ambiente de trabalho? Certamente iria provocar graves assidentes! :)
Abraços ao grupo!
http://zanny10narede.blogspot.com

Anônimo disse...

Entrevista que elucida e alerta. Muitos não dão atenção. Ótima articulação e qualidade textual com temas informativos!

Portal Veritas disse...

Agradeço formalmente ao Grupo Saber Viver pela oportunidade de contextualizar o uso e abuso de drogas sob uma visão nova.

Muitos dizem que os antigos morreram e que o mundo atual é muito diverso do de Sócrates, apresentando características próprias que o fazem ser o que é. Essa informação não é correta. O cenario pode ser diverso, mas os dilemas humanos, as dificuldades existenciais são sempre as mesmas.

Fala-se muito de felicidade; pois bem! No TCC que originou esta entrevista, tentei abordar o homem face às suas escolhas e em prol de sua eterna busca por felicidade. Não poderia ser mais atual!

Por isso, espero ter ajudado da melhor maneira e estarei sempre disponível para um diálogo sadio sobre os esplendores daquilo a que chamamos vida.

Breno Bastos, enfermeiro e pesquisador de filosofia

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